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SÃO LEOPOLDO | Coletividade que inspira: abrigados coordenam cozinha do abrigo do Sindicato dos Metalúrgicos

14/05/2024

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Créditos: Thales Ferreira



São Leopoldo e todo o estado do Rio Grande do Sul têm vivido momentos de tensão no decorrer das últimas semanas, mas no meio disso tudo conseguimos encontrar algumas histórias que dão força em momentos de apreensão. O Ginásio Poliesportivo do Sindicato dos Metalúrgicos (Bigornão) abriga algumas dessas histórias. O alojamento começou a receber a população atingida pela enchente no sábado, 4 de maio.

Foi neste dia que a água tomou a Vicentina, local em que Emilia Rosangela Vieira, 48 anos, cozinheira, mora. Desde então, ela está abrigada no Bigornão, onde também é voluntária. E Emília não é a única. A cozinha do centro de alojamento é toda organizada por voluntárias que também estão alojadas no espaço. Ali, diariamente, elas preparam 2 mil refeições para os 500 abrigados: café da manhã, almoço, café da tarde e jantar.

Emilia é um reforço importante para o time. A cozinheira está habituada a preparar refeições para grandes grupos. "Para mim é bem tranquilo trabalhar na cozinha, é o que eu faço, é a minha profissão, no meu último emprego eu cozinhava para 780 pessoas, então, eu estou bem tranquila aqui. Temos uma equipe maravilhosa que sempre estende a mão um ao outro”, explica.

Para a merendeira Luciana Mariana Nunes, 44 anos, a cozinha do abrigo se tornou uma forma de ajudar aqueles que, assim como ela, perderam tudo com a tragédia. Hoje, Luciana não está mais alojada no ginásio, pois conseguiu se abrigar na casa de amigos, mas lembra dos momentos de aflição quando tinha crises de ansiedade a todo momento.

“Eu chorava direto quando estava aqui, eu via a situação das outras pessoas que dividiam o alojamento comigo. Aqui temos muitas pessoas com deficiência (PCD), e eu via diariamente o sofrimento deles, eu sentia que eu precisava ajudar. Quando trocamos de local eu consegui cuidar mais de mim e isso foi fundamental para que eu pudesse estar aqui ajudando”, enfatiza Luciana.

O cardápio diário fica sob a responsabilidade de Sarita, como é conhecida na comunidade a educadora social Sara Gonçalves, de 61 anos. Esta é a segunda vez em menos de um ano que a água chega à casa da moradora da rua Antônio Leite, no bairro Campina, mas nada se compara ao que ocorreu no início de maio. “Ano passado tivemos uma cheia, mas não chegou a entrar dentro da minha casa e dessa vez a água chegou onde eu nunca imaginei que pudesse chegar”, relata. Mesmo em meio a tudo isso, ela cuida com zelo da logística das doações de alimentos que chegam ao espaço.

Hoje o Bigornão não está recebendo mais marmitas prontas de doação, pois todas as refeições do abrigo são realizadas pela equipe da cozinha. “Hoje temos o apoio da prefeitura, pela Secretaria de Assistência Social, que faz o repasse de mantimentos para podermos manter este número de 500 pessoas que hoje estão alojadas aqui”, conta Sara.

Sobre a convivência com os outros alojados no ginásio, Sarita se emociona, “Hoje eu vejo eles como a minha família. Quando eu entro dentro do ginásio, eles me chamam a todo momento, todo segundo. Eu procuro ser forte para eles, e não consigo me desvincular. Hoje eles são a minha família, hoje eu poderia ter um outro lugar para dormir, mas eu prefiro dormir no meio deles, ficar com eles. É família. Pra mim família é estar todo mundo junto”, finaliza.

[Texto: Samuel de Souza - Estagiário de Jornalismo - Foto: Thales Renato | Supervisão: Lisandro Lorenzoni - Jornalista MTb.12.480 | Scom/ PMSL]

Superintendência de Comunicação da Prefeitura de São Leopoldo

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