O Hospital Centenário, que é referência para mais de um milhão de pessoas nos Vales do Sinos, do Caí e na região metropolitana, corre o risco de diminuir cada vez mais a sua capacidade de atendimento. Um cenário provocado pela insuficiência de verbas estaduais e federais. Atualmente, a Prefeitura de São Leopoldo assume 70% dos custos do Centenário. Um desequilíbrio que compromete também a saúde financeira e o investimento nas demais áreas do município. Para se ter uma ideia, a receita gerada pelo IPTU varia em torno de R$ 40 milhões, enquanto o custo anual do Hospital Centenário é de aproximadamente R$ 90 milhões por ano. Isso não pode acontecer.
É nossa obrigação esclarecer os fatos. É direito da população saber a verdade. Juntos, podemos combater esta injustiça.
Para que a casa de saúde, que completou 87 anos sem nunca ter fechado as portas, não entrasse em colapso imediato e deixasse de atender a comunidade do município e da região, foram necessárias diversas ações administrativas e de restrição de atendimento. A Fundação Hospital Centenário sofre com um déficit mensal que chega a R$ 6 milhões, sendo R$ 1,6 milhão diretamente de seus cofres, e o restante tendo que ser repassado pelo Município para cobrir somente a folha de pagamento, cofre que também está combalido.
O Centenário está praticamente abandonado pelo Governo do Estado.
* Hospital de Novo Hamburgo: 226 leitos | atende média e alta complexidade - R$ 3.344.727,44
* Hospital de Esteio: 160 leitos | atende média complexidade - R$ 2.041.807,00
* Hospital de Sapucaia do Sul: 175 leitos | atende média complexidade - R$ 3.916.101,00
* São Leopoldo: 186 leitos | atende média e alta complexidade - R$ 255.773,76
Como o governo anterior, liderado pelo então governador José Ivo Sartori, manteve as portas fechadas para São Leopoldo, a partir de 2019, o Município reiniciou as tratativas em busca de repasses justos para o Hospital Centenário. Somente no mês de março, a direção do Hospital e a Secretaria Municipal de Saúde tiveram 3 reuniões com a direção e técnicos do Departamento de Assistência Hospitalar e Ambulatorial (DAHA), em busca da ampliação de recursos. Os encontros ocorreram nos dias 8, 15 e 19 de março, sendo o primeiro deles com a presença do prefeiro Ary Vanazzi, e os dois últimos com a participação de representantes da Unisinos.
Na reunião do dia 8 de março, o prefeito entregou à diretora do DAHA, Lisiane Fagundes, um documento com o relato da crise enfrentada pelo Hospital, e o pedido de um aporte de R$ 4 milhões, de forma emergencial, acompanhado do pedido de orçamentação, buscando garantir este repasse permanente mensal por parte do Estado. Lisiane Fagundes se comprometeu a estudar a proposta de São Leopoldo, deixando agendada nova reunião para a semana seguinte.
Contrariando as expectativas geradas na primeira reunião, no dia 19 de março, a direção do DAHA informou que não aumentará os recursos ao Centenário, e ainda sugeriu que o Hospital diminua seus serviços para equilibrar as contas. Vale lembrar que o Centenário é referência para 18 municípios dos vales do Sinos, Caí e Região Metropolitana, e tem uma despesa mensal de R$ 9 milhões. Recebe do Governo do Federal R$ 2,3 milhões e do Estado, R$ 255 mil, ou seja, apenas 2,83% do custo total. O restante, cerca de R$ 6 milhões, tem sido arcado pelo caixa do Município.
No dia 14 de março, a situação do Centenário foi exposta pelo prefeito à presidenta da Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa, deputada Zilá Breitenbach. Além de se comprometer a levar o assunto para o âmbito da Comissão de Saúde, Zilá prometeu fazer uma visita para conhecer de perto a realidade do Centenário.
Reunião com a secretária Estadual de Saúde (Governador não abriu agenda para receber o Município)
Em reunião na Secretaria Estadual de Saúde, no dia 1º de abril, o prefeito Ary Vanazzi, o secretário de Saúde Ricardo Charão, e a presidenta do Hospital Centenário, Lilian Silva, foram recebidos pela secretária Arita Bergmann, que declarou que o Estado não enviará novos recursos ao Centenário. Segundo Arita, não existem recursos para construir qualquer contra-proposta ao Hospital.
DESEQUILÍBRIO NAS CONTAS
Existe um desequilíbrio que compromete a saúde financeira do município, relacionado ao percentual de investimento no hospital, advindo de cada um dos entes federados.
O Hospital Centenário tem uma despesa mensal de R$ 9 milhões, recebe do governo estadual R$ 255 mil, do federal R$ 2,3 mihões e o restante, cerca de R$ 6 milhões, tem sido arcado pelo município.
* Comparativo dos valores recebidos por 3 hospitais da região, em relação ao Centenário.
** Dados atualizados em janeiro de 2019.