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O Museu do Trem de São Leopoldo realizou a 4ª Roda de Conversa e de Memória, 150 anos da Ferrovia Gaúcha, na sexta-feira, dia 10 de novembro, na 16ª Aldeia Sesc Capilé - Brasilidades, foi um encontro com quatro convidados: João de Andrade, filho de ferroviário, Eneri Moraes da Silva, metroviário, Ubirajara Toledo, e o cantor e compositor, Demétrio Xavier, que se apresentou no final da conversa. O ferroviário aposentado, Hélio Bueno, também participou do encontro enriquecendo os relatos sobre suas atividades na Ferrovia e este importante patrimônio cultural.

A diretora do Museu do Trem, Alice Bemvenuti, fez a mediação das rodas de conversa e de memória após um passeio com o grupo para conhecer o ambiente. “Tivemos um momento especial com a 4ª roda de memória. Um momento singular que foi possível reunir não só os familiares de ferroviários e os trabalhadores ferroviários, assim como pesquisadores, com a fala da experiência das pessoas com relação ao trem, tanto na relação de um trabalhador ou de familiar como de um passageiro. Então foi muito bonito e a Aldeia tem nos proporcionado a parceria de estar olhando e pensando esse museu e as histórias de vida das pessoas na ferrovia, atravessada pela arte, pela cultura”, avaliou a diretora.

Entre os relatos dos participantes que emocionaram com seus afetos, esteve o de Ereni Silva, que relembrou a história do seu pai: “Em 1957, o meu pai veio para Porto Alegre e ficou hospedado na casa de um primo casado com dona Teresa. Ela lavava roupa dos diretores da rede ferroviária e sugeriu ao meu pai trabalhar na Rede. Meu pai aprendeu a ler e escrever com a minha mãe e tinha caligrafia muito bonita e foi então trabalhar na conferência da linha, do Armazém e depósito da Rede”. Ele também comentou sobre as atividades das mulheres na estrutura da ferrovia.

“A gente vê na rede gerações e gerações, muitas gerações de ferroviários que começaram com o pai. Aí depois foi o filho, foi o neto. São empresas que têm um vínculo com as histórias de vida das famílias”, destacou Ubirajara Toledo.

João conta que tinha experiência com a ferrovia na época antes das máquinas, e trabalhava no braçal, ajudava a cavar os túneis da rodovia. E conta que quando começou, alguns achavam que ele não iria conseguir pois era muito pequeno e fraco para o trabalho pesado. “Eu respondi, eu não tenho muita força, mas tenho resistência, e trabalhei com o martelete de 45 quilos", conta João.

O cantor Demétrio Xavier conta sobre um acidente que sofreu nos trilhos. “Eu fui recolher pedras nos trilhos, quando ouvi o apito do trem, eu olhei para cima só vi uma pessoa fazendo sinal, não lembro de mais nada. Depois me contaram que a Maria Fumaça, me jogou para dentro do valão, mas não tive sequelas, só uma cicatriz na testa”, relata o cantor.

Curso para aprender preparar o chimarrão

Durante o terceiro dia da Aldeia Sesc estava presente a Escola de Chimarrão. O diretor executivo, Luís Fernando Rodrigues, coordenou o curso gratuito de chimarrão, ensinando como montar, como limpar a bomba, a temperatura ideal para a água e também a história da bebida. Luís conta que a escola de chimarrão tem mais de 20 anos, e vem de Venâncio Aires, capital nacional do chimarrão.  “A atividade foi criada justamente para fomentar a conquista de novos chimarristas. Trabalhar basicamente com o Chimarrão na sua história de mais de 500 anos, a erva-mate, que produz as propriedades medicinais, desmistificar e ensinar a fazer o chimarrão, pois muitos têm constrangimento e não sabem fazer, mas é algo bem simples”, relata.

A moradora do bairro Feitoria Madezatti, Sandra Maria Rodrigues da Silva, 68 anos, recorda que já está presente no segundo dia de eventos da Aldeia Sesc e está adorando as atividades. Sandra faz quatro meses que entrou no grupo Maturidade Ativa Sesc. “Agora estou participando bastante do que o Sesc proporciona para nós, muito bom esses eventos, e acho importante para os idosos, para se distrair”, ressalta.

Na parte da manhã tiveram atividades voltadas para as crianças das escolas do município, o Teatro Mil, com o espetáculo “Reino Infante” e a Fada das Bolhas. A programação segue até domingo, dia 12 de novembro

[Foto e Texto: Nadine Dilkin - estagiária de Jornalismo | Supervisão: Vanessa Bueno - Jornalista MTb. 11.299 | Scom/PMSL]