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É entre a desolação e o alívio pela visita recebida no início da manhã deste sábado (8) que Diego Luiz Lemos dos Santos abre a porta de sua casa, localizada no número 365 da Coronel Genuíno Sampaio, e convida a entrar uma equipe composta pela Secretaria Municipal de Habitação (Semhab) e pela Associação Brasileira de Patologia das Construções (Alconpat Brasil). 

Durante todo o dia, o grupo percorrerá o bairro Campina realizando vistorias estruturais em casas atingidas pela enchente. Em uma força-tarefa que se iniciou neste final de semana e envolve mais de 40 pessoas, grupos formados por servidores da Semhab, da Defesa Civil e engenheiros civis e arquitetos associados da Alconpat avaliam riscos estruturais em residências nas regiões inundadas pelas águas.  “A gente estava em abrigo, agora vamos para casa de parentes, porque do jeito que a casa está ainda não tem como voltar”, revela Diego, que mora com a mãe, um irmão e uma sobrinha.

Segundo o titular da Semhab, Álvaro Pedrotti, ainda não há como prever o término do trabalho, uma vez que em menos de 24 horas, mais de 500 pessoas já cadastraram o endereço da residência, solicitando avaliação de risco estrutural pelo formulário on-line disponibilizado pela Defesa Civil no site da Prefeitura, e a demanda tende a crescer nos próximos dias. A solicitação deve ser feita somente pelo link abaixo:

https://forms.gle/Rmuo9buspeBK43PH6 

Em caso de dúvidas a comunidade pode entrar em contato com a Defesa Civil pelos telefones (51) 99117-8291 ou (51) 98924-7852.

Realizando um trabalho que requer, além da expertise da profissão, empatia por quem lhes conduz ao interior do que já foram quartos, salas e cozinhas impregnados de memórias de vidas inteiras, os especialistas em avaliação de imóveis, engenheiros civis Emília de Oliveira e Gabriel Reschke, fazem perguntas, observam, anotam e fotografam tudo: assoalhos, paredes, instalações sanitárias, forros e telhados, e registram os danos estruturais de cada edificação para a confecção do laudo a ser enviado à Defesa Civil. 

Enquanto desempenham a tarefa de forma minuciosa, Emília e Gabriel acompanham relatos como os da dona de casa Clarisse Ferreira Krug, vizinha de Diego, que contabiliza, além da própria casa atingida pela enchente, as moradias dos quatro filhos, todos moradores de áreas alagadas. “Eu sonhava com uma cozinha sob medida, com balcão de mármore, mas agora não quero mais gastar com nada disso, quero coisas mais simples dentro de casa e aproveitar mais a vida, que é o bem maior que temos”, planeja, enquanto mostra as fotos do álbum de casamento que conseguiu recuperar, dispostas sob o sol para secar.

A residência de Marlene Terezinha da Silva, moradora há 28 anos da Campina, é de alvenaria e aparentemente foi menos danificada pelas águas que deixaram só o telhado à mostra. A filha dela, Taís, preencheu o formulário e solicitou a vistoria porque o que preocupa a família é o assoalho de madeira e rachaduras surgidas nas paredes. Ao raiar do dia, Marlene recebeu o reforço da irmã, Marli, e de outros familiares que saíram na madrugada de Pantano Grande para ajudar na limpeza. “Ela vai precisar de muita ajuda e nós estamos aqui para isso”, resume Marli.

A presença de membros da Alconpat em São Leopoldo deve-se a uma parceria firmada com a Prefeitura, por meio da Semhab, para a realização de vistorias estruturais em casas atingidas pela enchente, de forma gratuita para todos os bairros em áreas submersas. Compondo uma das equipes da força-tarefa neste sábado, o presidente da Alconpat, Roberto Christ, destacou que muitos dos associados querem contribuir com a reconstrução do Estado, voluntariando-se para auxiliar as cidades com avaliação de qualquer construção de forma gratuita.

Texto e fotos: Jornalista Anna Lúcia Garske – MTb. 8.443

Superintendência de Comunicação da Prefeitura de São Leopoldo