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Rede PLANTAR: Movimento promove aprendizagem socioambiental nas escolas de São Leopoldo

26/06/2025

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Créditos: Pedro G. Selistre

Através da Rede PLANTAR, lançada em março de 2025 pela Secretaria de Educação de São Leopoldo (Smed), práticas socioambientais estão sendo fortalecidas e implementadas nas 49 escolas municipais da cidade, engajando os 21 mil alunos da rede em ações ambientais, através de hortas, reciclagem criativa e gestão de resíduos.

O projeto se move por meio da atuação de professores-referência, indicados por cada Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) e Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF), responsáveis por mobilizar sua comunidade escolar em torno das práticas propostas. A iniciativa também conta com importantes parcerias institucionais, que contribuem para a formação dos professores, realização de oficinas, fornecimento de materiais e desenvolvimento de ações conjuntas que ampliam seu alcance e  sua efetividade.

¿O processo de criação da Rede PLANTAR foi colaborativo e democrático, nascendo do diálogo entre professores, gestores escolares, assessorias e a Coordenação de Projetos da Diretoria de Gestão da Educação Básica (DGEB). É um movimento focado na sustentabilidade, na saúde integral e na justiça climática. Somos uma rede viva de trocas e aprendizagens¿, explicou a assessora de projetos da DGEB, Débora Machry, responsável por acompanhar os projetos desenvolvidos nas escolas, entre eles o Horta Barão e o EcoBanana.

Um ecossistema no pátio da escola

Nos fundos da EMEF Barão do Rio Branco, dividindo o espaço com árvores e animais, está a ¿Horta Barão¿. O projeto já existe há alguns anos, um legado de educadores que passaram pela escola e, desde 2023, está sob a coordenação do professor Douglas Tondolo. Atualmente, 17 turmas, entre o Infantil IV e o 9º ano, estão envolvidas na atividade.  

Os estudantes aprendem, na prática, como fazer um canteiro, cuidar de uma horta, preparar a terra para o plantio e sobre o processo de compostagem. ¿O contato com a natureza gera um impacto na vida deles. Eu acredito que quando trabalhamos fora da sala de aula, proporcionando novas vivências, estamos criando memórias afetivas e essas são difíceis de serem apagadas. Estamos ensinando uma geração a cuidar do meio ambiente, e esse é o papel do educador: ampliar os horizontes para que eles possam replicar lá fora¿, declarou o professor.

Este ano, o projeto ganhou mais um auxílio: uma estufa. A estrutura foi construída a partir de doações da própria comunidade escolar. O local abriga algumas espécies de hortaliças que, de tempos em tempos, são colhidas pelos alunos e levadas até a cozinha da escola, sendo recebidas com alegria pela equipe de cozinheiras. ¿A horta permite com que a gente tenha sempre ingredientes fresquinhos para preparar as refeições, como chás e temperos. É uma maravilha¿, relatou Mirian França.

Quando a produção é alta, uma feira é realizada para que o excedente não seja perdido e mais pessoas sejam beneficiadas. ¿Avisamos nos grupos das turmas o que temos, e as famílias indicam o que querem. O valor arrecadado é revertido para manter a própria horta. É um ciclo de colaboração¿, explicou Tondolo. Segundo ele, a ação proporciona um momento de educação financeira com os alunos, onde calculam juntos quantas mudas precisam ser compradas e formas de aplicar o dinheiro para expansão do projeto.

Auxílio para um momento fora das telas

No ano em que celulares estão restritos nas escolas, a horta se mostrou também um auxílio na adaptação fora das telas. ¿Nesse espaço, por um momento, enquanto mexem na terra e observam os animais, eles não pensam no mundo online¿, relatou o coordenador. Segundo ele, a vivência auxilia a desvincular os estudantes da relação excessiva com a tecnologia e a descobrirem o ecossistema que os cerca.

Os estudantes do 4º ano são umas das turmas beneficiadas pelo projeto. Com orientação do professor, eles realizaram o plantio de hortaliças, mas dessa vez na horta suspensa: uma ação complementar para incentivar as famílias na adoção da prática, mesmo em locais pequenos.

A turma chegou animada para a atividade. Atentos às instruções do professor, aprenderam como as mudas deveriam ser manuseadas e quais espécies seriam plantadas no dia: rúcula, alface, cebolinha e salsinha.

Valentina Bert, 9, auxiliou no plantio. Animada e com as mãos cheias de terra, ela afirmou amar a atividade: ¿Uma vez minha vó deu tomatinhos para meu pai. Nós plantamos e hoje temos vários. Eu ensinei ele sobre como colocar água e cuidar do sol¿, declarou ela sobre as aprendizagens que tem colocado em prática em casa.

Enquanto uma parte do grupo se dedicava ao plantio, a outra preparava a adubação natural com biofertilizantes feitos de cascas de banana, uma técnica conhecida e utilizada na EMEF Dr. Jorge Germano.

O que é que a banana tem?

Em 2022, após uma reforma realizada na escola EMEF Dr. Jorge Germano, a professora Jackeline Machado Bastos viu a necessidade de gerar nos estudantes zelo pelo novo espaço. Desse desejo nasceu o projeto Quem Ama Cuida, que, naquele ano, se dedicou a contribuir com o bem-estar dos funcionários e alunos da instituição a partir de pequenos gestos de cuidado, realizados por estudantes do 8º ano. Uma das ações foi a doação de plantas.

No ano seguinte, também com alunos do 8º ano, a professora propôs uma ação de zelo também com a flora da escola. Ela, que já conhecia o biofertilizante de casca de banana, apresentou a técnica à turma, que foi parceira na atividade. Através de planilhas, eles acompanharam, de 15 em 15 dias, o crescimento das plantas.

¿No fim do ano eles precisaram responder uma pergunta, a partir das observações e acompanhamento que fizeram: ¿o biofertilizante gerou bons resultados?¿. A resposta foi ¿sim¿ e, então, em 2024, surgiu a Cooperativa de Biofertilizantes na escola¿, relatou a professora.

Recentemente renomeada como ¿EcoBanana¿, a organização está sendo administrada pela turma 82, através de sete alunos, e coordenada por Jackeline. A instituição, mesmo que em nível escolar, segue o padrão de outras do mesmo grupo: com livro-caixa e ata. As funções são divididas entre os estudantes, que decidem tudo em conjunto, inclusive o que fazer com o lucro obtido no final do ano.

O processo de produção começa com o recolhimento das cascas de banana e garrafas PET, ação realizada pelos estudantes. Para facilitar o processo, a diretoria incentivou a adoção de coletores para ambos os materiais dentro da escola. Com os itens em mãos, a professora realiza a produção do biofertilizante. ¿Preferimos a técnica de fervura ao invés da fermentação natural, porque, além de evitar possíveis acidentes, ela também é mais rápida, demorando apenas 15 minutos¿, explicou. A fabricação e engarrafamento do produto é feito exclusivamente pela coordenadora, por envolver manuseio do fogão e material quente.

Atualmente, o biofertilizante é comercializado de três maneiras: pitchulinha (200ml), por R$2; garrafa de 600ml, por R$6; e garrafa de 2 litros, por R$20. Os estudantes são responsáveis pelas vendas, que ocorrem nos intervalos da escola. Segundo eles, os maiores compradores são os professores e funcionários.

Priscila Quevedo, do setor de limpeza, é uma cliente fiel da EcoBanana, ainda do tempo em que a cooperativa se chamava ¿Best Friends¿. ¿Compro há quase dois anos e posso afirmar: realmente funciona. Minhas plantas cresceram mais rápido e estão fortes¿, afirmou. Segundo ela, foi o ambiente da escola, com vasos e diferentes espécies de flora, que a incentivou a começar o cultivo em casa.

A cooperativa, além de proporcionar o ensino socioambiental, também gera conhecimento empreendedor nos estudantes, que aprendem as etapas de uma empresa. ¿Quando a professora veio com a proposta do projeto, eu logo quis participar, porque era uma experiência nova. Eu estou sempre envolvida, principalmente nas vendas. Se tornou algo divertido¿, relatou a estudante Nicoly Lopes.

¿Meu desejo é que essa ação seja replicada. Eles precisam entender a importância desse movimento e que nada se faz sozinho. Temos o apoio dos pais, alunos, professores, funcionários, diretoria e chega lá na Secretaria de Educação. Por isso, chamamos o PLANTAR de rede¿, enfatizou Jackeline.


Texto: Eduarda Toledo - MTb. 21.884
Fotos: Pedro G. Selistre
Superintendência de Comunicação da Prefeitura de São Leopoldo
 

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