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Projeto "Tecendo Histórias" estimula produção literária entre estudantes com dificuldade de aprendizagem

02/10/2025

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Créditos: Pedro G. Selistre

O Espaço de Aprendizagem (EA) da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) General Mário Fonseca, no bairro Arroio da Manteiga, está se tornando uma estufa de novos leitores e escritores. Este ano, através do projeto "Tecendo Histórias", estudantes produziram nove livros autorais, iniciativa que ganhou o 2º lugar em sua categoria na 13ª edição da Mostra de Tecnologia e Inovação com Ciências de São Leopoldo - MOTIC São Leo.

O EA é uma iniciativa da Secretaria de Educação (Smed) e está presente em todas as escolas da rede municipal. O espaço funciona no contraturno escolar e é um recurso criado para potencializar a alfabetização no município. Na EMEF General Mário Fonseca, as turmas são formadas por grupos de seis a oito estudantes, do 2º ao 5º ano. O atendimento é semanal e dura em torno de duas horas.

"A maioria das crianças chegam aqui com bastante fragilidade e lacunas no processo de alfabetização. Este é um espaço para ressignificar e estimular a aprendizagem através de outros recursos, tornando algo significativo para eles", explica a professora Gabriela da Silva Greff, uma das responsáveis pelo EA na instituição.

Histórias que se entrelaçam

Na busca por estimular a leitura e a escrita entre os estudantes, mas através de novos recursos, foi que nasceu o projeto "Tecendo Histórias". "Iniciamos com a leitura de livros sem texto, apenas com imagens. Em seguida, a turma foi estimulada a elaborar e ilustrar suas próprias histórias. Antes da versão final, esse material foi digitalizado e passou por uma revisão coletiva", detalha Gabriela. O desenvolvimento começou em maio e durou em torno de quatro meses.

Em meio ao processo, um fato chamou a atenção da turma, especialmente do estudante Matheus Paul Derilus, de 9 anos. Um novo colega, recém chegado do Haiti, estava tendo dificuldade em se comunicar com as outras crianças por não ter familiaridade com a língua portuguesa. Matheus, que é descendente de haitianos, decidiu, então, escrever sua história de forma bilíngue. Foi assim que nasceu o livro "Um dia Especial" ou, em francês, "Un jour special".

"O Mayke só falava francês e eu estava deixando de falar um pouco da língua, então a gente teve essa ideia. Ele ficou muito feliz e eu também, me senti orgulhoso", compartilha o estudante.

O processo de inclusão do novo colega foi além. Com a turma do Espaço de Aprendizagem, Gabriela preparou um momento para contar a história a outros estudantes da escola. Enquanto Mayke lia em sua língua nativa, Matheus traduzia para o português. Depois, os colegas precisaram descobrir o nome de objetos em francês, proporcionando empatia com a dificuldade que o novo aluno estava tendo com o idioma local.

"O Espaço é um lugar fantástico, e quem está aqui precisa ter esse olhar diferenciado em relação às crianças, acreditar no potencial de desenvolvimento deles, ofertar novas experiências, novas vivências", enfatiza Gabriela.

Visibilidade ao projeto

Ao lado da professora e das colegas Isis e Isabelly, Matheus apresentou o projeto na 13ª edição da MOTIC. O trabalho chamou a atenção dos avaliadores e garantiu o 2º lugar na categoria EMEF 2. "Quando eles falaram o nome do nosso projeto, eu fui o primeiro a sair correndo. Eu subi no palco, tirei a foto e depois chorei de felicidade", relata Matheus.

"Agora estamos nos preparando para a MOSTRATEC (Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia) e também para a Feira do Livro. As histórias vão para a biblioteca da escola, para outros colegas terem acesso e, em novembro, vamos expor o material em nossa mostra", conta a professora.

A visibilidade do projeto e a empolgação de seus participantes fez outros colegas desejarem estar no Espaço de Aprendizagem e escreverem seus próprios livros. "Muitos iniciaram aqui sem ainda terem desenvolvido a leitura. Agora, são capazes de não apenas ler, mas escrever algo próprio", comemora Gabriela.

O desenvolvimento das crianças também foi percebido pelos pais, que acompanham de perto a evolução. "Quando meu filho entrou no reforço com a professora Gabi, ele não sabia ler, não reconhecia as letras do alfabeto e não juntava as sílabas. Em quinze dias ele ficou excelente", relata Silvia Pereira, mãe de um dos estudantes da turma.

"O projeto Tecendo Histórias é a prova de que, quando acreditamos no potencial das nossas crianças e estudantes e oferecemos os meios certos, elas vão além. Mais do que aprender a ler e escrever, esses estudantes estão aprendendo a se expressar, a incluir o outro e a transformar a própria realidade por meio da educação", declara o secretário municipal de Educação, Jéferson Falcão.

Texto: Eduarda Toledo - MTb. 21.884
Foto: Pedro G. Selistre
Superintendência de Comunicação da Prefeitura de São Leopoldo
 

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